Apresentação
Versão 0.0.5 - 2025-05-13
Em concepção
Documentação em concepção.
Meta
- Objetivos:
- Difundir nosso conhecimento sobre infraestruturas digitais autônomas.
- Incentivar que outras pessoas também montem esse tipo de infra, adquirindo e compartilhando ainda mais conhecimento.
- Público:
- Pessoas que queiram implantar infraestrutura autônoma.
- Gente interessada em geral em saber sobre o assunto.
- Quem somos?
- Meros Conselheiros em busca da Nova CanudOS.
Inspirações
O Princípio da Colaboração e Satisfação (Século XIX):
De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades.
O Ponto 10 do Programa dos Panteras Negras (1966):
Queremos terra, pão, moradia, educação, vestuário, justiça, paz e controle popular comunitário da tecnologia moderna
Infraestruturando
- O que é infraestrutura? Infra: aquilo que vem abaixo, aquilo que apoia e fundamenta, serve de base. A "linha de base" ("baseline") a partir da qual outras atividades podem ser realizadas.
- O que seria infraestrutura digital?
- Eletricidade, informática e refrigeração!
- "Dados" e "informação" são registros físicos. Estão inscritos em algum lugar. Não existem num "firmamento" etéreo/esotérico/metafísico/místico.
- Computação ocorre em dispositivos físicos.
- Não existe "nuvem", mas algo mais parecido com "parques" de máquinas.
- Quem detém as infraestruturas digitais hoje? E em qual modo de operação?
- O que seria então "infraestrutura autônoma"?
- Como podemos organizar o entendimento sobre infraestrutura:
- Camadas (modelo OSI etc.).
- A abordagem por camadas é um possível entendimento, uma forma de resumir a conversa: Para realizarmos uma certa ação (digamos locomoção nas grandes cidades), são necessarias infrastruturas de mobilidade (como as vias de circulação), quer dizer, tudo aquilo que apoia o ato de locomoção. O importante aqui é escolher uma convenção e manter a consistência o quanto possível.
- Como estabelecer um diagramas de camadas? Exemplo de funcionamento da internet. Protocolos básicos: BGP + IP + DNS + TCP/UDP/etc.
- Exemplos de infras digitais:
- Datacenters corporativos de grande escala (hyperscale).
- Fibras e satélites corporativos (de grande alcance).
- Datacenters e redes autônomas, rhizommatica, redes em malha (mesh).
- Importante: Postura crítica sobre informação na computação.
Por que hospedar nossa própria infra?
Por que hospedar?
- Computação é a política por outros meios:
- Disputa computacional: Exemplo: Hacker Crackdown dos anos 90.
- Prefigurar o mundo em que queremos viver.
- Materialidade da informação: a "nuvem" não existe
- Concentração de infra, informação e poder nas "Big Techs"
- Infra autônoma nossa: por nós, para nós
Influência: Programa de 10 pontos dos Panteras Negras "We want land, bread, housing, education, clothing, justice, peace and people's community control of modern technology"
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O que seria então "infraestrutura autônoma"?
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A "datasfera" atual e o modelo "pontas-bordas-núcleos".
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Forte tendência atual à centralização sem controle: desmanche de datacenters locais, pontas e bordas cada vez computacionalmente menos densas; densificação dos núcleos corporativos.
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Necessitamos ir contra essa tendência na nossa comunicação / computação.
Histórico
Algumas referencias históricas importantes para a nossa discussão:
- 1970: Rádios Livres.
- 1978: Primeira BBS criada em Chicago (redes locais via linha telefônica).
- 1984: Primeiro Chaos Communications Congress (CCC)
- 1989: Casa Tainã (acervo/memória).
- 1989: Rede Nacional de Pesquisas (RNP).
- 1994: [Levante Zapatista:][] uso estratégico da internet.
- 1995: Internet comercial no Brasil.
- 1997: Squat.net.
- 1998: Hackmeeting (Itália).
- 1999:
- 2000: Centro de Mídia Independente - Brasil (Indymedia Brasil).
- 2001:
- Rede Mocambos.
- Rede GNUnet[GNUnet].
- Autistici/Inventati (A/I) (Itália).
- 2002:
- 2004: Grupo Saravá (wiki espelho, livro de debates).
- 2006:
- Guardachuva.
- Techmeet (Encontro Técnico).
- 2007: Mandachuva.
- 2006: Birosca (documentário).
- 2007: Xanta.
- 2009: Rhizomatica
- 2010: Rectech.
- 2012: Baobáxia.
- 2013: [CryptoParty SP][].
- 2014: CryptoRave.
- 2014: MariaLab.
- 2020: Data Center Comunitário Livre (DCCL).
Retrospectiva de alguns experimentos importantes:
- Com Slackware (2002-2008): sistemas auto-replicáveis.
- Com Dyne:bolic (2005-atual): sistemas em hardware reaproveitado.
- Hydra (2009-2014): regeneração fractal: cada ponto podendo regenerar qualquer outro: hardware + software + dados + configuração.
Onde hospedar?
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Onde fica nossa infra? Escolha fundamental de um lugar que não seja muito quente, umido ou empoeirado. Escolha de um lugar com espaço suficiente para manutenção e circulação do ar. Escolha de um lugar que tenha luz eletrica comercial - no 0800 (de preferência)
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Refrigeração, energia, limpeza. Lembre-se de Tião Miranda (compositor de Bezerra da Silva) que dizia: O trampo do futuro é com a "eletricidade, informática e refrigeração" Fator do Calor: 1 BTU/h = 0,2929 Watts. _12.000 BTU/h, a potência em Watts é: 12.000 BTU/h * 0,2929 = 3514,8 W. _ Armar a Dupla Nobreak + Gerador de energia. Ambos de mesmo KVA
O que hospedar?
Passo fundamental: dimensionar o que precisa de infra.
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Escala da comunidade, não do planeta... Que tipo de maquinas precisamos? O que precisa ficar online e o que não precisa? Pensar numa hospedagem minimalista (somente aquilo que precisamos como coletivo)
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Areas para se preocupar:
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Comunicação: principal preocupação dos movimentos sociais Quais são as necessidades? Email, Mensageria, Video-chamadas
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Documentação: necessária para apoiar o coletivo (antigos e novos membros) Pads, Wikis, Repositórios, Memórias que precisam ficar de curta e longa data
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Multimídia: material de promoção do trampo coletivo / político Quais plataformas usar? Jitsi, PeerTube, Framasoft (França) Quais são as plataformas que podemos usar emprestado? (e como apoia-las?)
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Planejando armazenamento (storage) com redundância RAID para os discos: Quais são os tipos de redundância recomendados? RAID 10, RAID 6 resiste dupla falha Como dedicir com base nos recursos disponíveis?
Como hospedar?
Dimensionando o que precisa de rede e de disco:
- Rede. Como obter os "uplinks" com a internet? Parcerias com universidades, governos, financiamento coletivo Como contornar impedimentos dos provedores de internet? (filtragem de portas)
Como combinar links para redundância? Garantir que a infra fica de pé com "Alta Disponibilidade" (HA) Agregação de links de rede e outros truques
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Serviços de rede. O que precisamos oferecer para o coletivo? O que precisa ficar sempre rodando? O que não precisa?
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Redundância, redundancia (hardware e software) O nome do jogo é redundância: é preciso ter ela em todos os aspectos. Redundância na fonte de energia, na fonte de alimentação das máquinas, nos discos, nos serviços e nas pessoais cuidando das camadas todas.
Quais serviços botar na rede? Quais não expor?
- Serviços de base É preciso decidir primeiro em um software de base para gerenciar todos os outros. Pense nisso como uma meta-camada de software que serve de infra para as outras. Instalar direto na máquina (baremetal) versus utilizar uma distribuição de virtualização? Alternativas, prós e contras:
- Segurança do sistema de base
- Segurança dos sistemas virtualizados
Quem hospedar?
Quem são as pessoas do coletivo que vão usar o que temos para oferecer?
- Definir o perfil das pessoas: chegada no trampo técnico, comunicação, arte? Que tipo de apoio precisam? Vão precisar de treinamento para usar ou para ajudar a manter a infra?
Quem carrega o piano?
- Fator "busão" (também conhecido como "gargalo"): sempre mais do que 1!
- Fritar as maquinas primeiro, não as pessoas...
- Comunidade no uso, mas também no cuidado da infra.
- Galera dedicada e alocada, não pode fazer meia-boca, de quando em vez porque senão enfraquece a infra de todo o coletivo
Anti-padrões pra evitar:
- Ficar na mão de uma pessoa só, efeito "gargalo".
- Não ter redundancia de pessoas e infra.
- Esquecer de regar as plantas, adubar o solo.
- Hospedar mais do que se tem condição de cuidar.
Exemplos Práticos: Hardware
- Para ilustrar: três topologias de datacenter (parque de máquinas): nano, micro e mili.
- Para cada uma dessas topologias:
- Custo de implantação.
- Custo mensal de energia.
- Custo mensal de internet.
- Curva de aprendizado.
- Quantidade de trabalho inicial (tempo estimado).
- Manutenção necessária (tempo estimado).
- Depreciação e turnover do parque.
- IP fixo versus dinâmico.
- Backups! Snapshots !
- Redundância.
- Segurança.
- Precariedade: quedas de luz e downtime em geral.
Examplos Práticos: Software
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Sistemas Operacionais. BSD ou Linux
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Hypervisors. Linux-KVM, Proxmox, XCP-NG Bhyve(FreeBSD)
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Storage - NAS RAID, ISCSI, TruNASCore "Freenas", Xigmanas "Nas4free"
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Rede, roteamento, Firewall OpenBSD, FreeBSD(OpnSense)
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Contêiners. Open Container Format (OCF), chamava-se "Docker"
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Orquestração. Vagrant ou Ansible, Proxmox Cluster, Xen Orchestra
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Backup e Snapshots. Proxmox Backup, Backupninja ou Bacula
Questão da escala
- Economia de trabalho, energia e equipamento.
- Falsas argumentações de que ganhos de eficiência reduzirão o consumo: o que acaba acontecendo é que os ganhos são reinvestidos, e o consumo acaba aumentando e intensificando!
- Necessidade de reduzir a quantidade de informação/computação.
- Quais são os problemas que precisamos resolver, e quanta computação eles demandam?
- Espectro da Obsolescência: como se aproveitar dele pra erguer nossa infra! Muito lixo (que não é lixo) sendo gerado. Muita capacidade de reaproveitamento de máquinas desde que sejamos mais economicos nas demandas de banda (rede), disco (armazenamento) e poder computacional (o que reverte em economia de energia)
Cooperação
- Cooperação entre mini-datacenters. Exemplos do passado mostram que é possivel cooperar com redes distribuídas.
- RPN (servidores de streaming de video da TVSL ou do coletivo Saravá)
- Rede Mocambos (mucuas em territórios quilombolas e indigenas)
- Riseup (parcerias para hospedar máquinas ao redor do mundo em datacenters comerciais)
Sustentabilidade
- Horizontal, vertical, híbrido.
- Soterramento pela infra ("your infrastructure will kill you").
- Financeiro: campanhas de arrecadação (crowfunding e vaquinhas), membership, editais.
Estudo de casos
Rede Tor
A rede Tor é uma organização descentralizada e autônoma composta por indivíduos e organizações. Como uma forma de resistir as pressões legais e jurídicas, foi se formando associações legais para rodar nós de saída (exit nodes). Essas múltiplas pessoas jurídicas hospedadas em países diferentes formam uma rede de proteção contra ataques governamentais.
Exemplos de organizações
Cada organização possui a sua própria política de hospedagem, sustentabilidade financeira e de recursos humanos.
- Artikel10 (Alemanha) - 12% da capacidade de saída da rede Tor.
- Nos Oignons (França)
- Osservatorio Nessuno (Itália) - um porão cheio de servidores: https://osservatorionessuno.org/blog/2025/05/patela-a-basement-full-of-amnesic-servers/
- Church of Cyberoloy (Holanda) https://cyberology.church/ - 16% da capacidade de saída da rede Tor.
Referências
Exemplos de Perispiração para Inspiração, vide referências.